19 de jul. de 2009

Excelência e virtude moral


Aquele que consegue sentir-se, em algum nível, perto da excelência, aquele que procura superar-se, fazer melhor, transpor seus limites, costuma viver melhor consigo mesmo e com os outros. Seus atos esposam mais facilmente a moralidade.
O que é mais digno de interesse na moral do que as virtudes? Honra, justiça, bondade, etc. O filósofo Kant escreveu que existem dois objetivos morais para os homens e que esses objetivos são, para eles, a felicidade do outro e o aperfeiçoamento de si mesmo.
O primeiro desses deveres, a procura da felicidade alheia, já nos leva para além das regras que se restringem a rezar que não devemos fazer mal ao outro. De fato, procurar o bem do outro é mais do que evitar ato que prejudiquem: é dar o melhor de si, é praticar a virtude. A moralidade não pode dispensar as virtudes. Cada uma delas tem uma definição e objetivos singulares.
Portanto, a educação moral das crianças, em vez de ser uma constante imposição de limites, só terá real êxito se também for um estímulo a transpor aqueles que as separam do exercício das virtudes. A educação moral acaba falhando porque as virtudes, assim como os sentimentos de honra e dignidade, andam esquecidos. No mundo capitalista da competição, valoriza-se a superação do outro, e não a superação de si ou a excelência; estimula-se o egoísmo, e não a generosidade. Uma tradução popular disso é o lema: “levar vantagem em tudo”. É óbvio que tal conselho fere a ética, uma vez que legitima a desonestidade.
Ajudar e estimular a criança a transpor limites, eis a prática essencial a seu caminhar para idade adulta, para saciar seus desejos de excelência e também para faze-la viver a moralidade como busca de dignidade e de auto-respeito.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

La Taille, Yves de. Limites: três dimensões educacionais. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2002.

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