19 de jul. de 2009

Excelência


A excelência é uma qualidade procurada em todas as culturas, em todo o lugar e em todos os tempos. Os homens sentem a necessidade de ter admiração por obras e pessoas como exemplos de excelência.
Procurar excelência é querer ir além de onde se está, é transpor limites. A busca pela excelência requer competição, porém competição de alguém consigo mesmo.
Há o conceito de excelência como sendo uma forma de elitismo, pensando que exista certa classe privilegiada, dotada de excelência e outra não. Onde se vê isso, vê a falta de humildade, pois só os medíocres pensam que são. As pessoas que buscam pela excelência são humildes , uma vez que se consideram imperfeitas.
Abordando a excelência no seu lado individual utiliza-se as reflexões de Alfred Adler, escrevendo a respeito de sua teoria da psicologia da individualidade, afirma: [...] permanece no terreno sólido da evolução e, à luz dessa evolução, vê em todo esforço humano uma
busca da perfeição. Para nosso entendimento, cada manifestação psíquica apresenta como um movimento que leva de uma situação inferior para uma situação superior. [...] Em comparação constante com a perfeição ideal irrealizável, o indivíduo está constantemente com um sentimento de inferioridade e estimulado por ele (Adler, 1938, p. 30).
A busca da excelência para Adler está em “caminhar de uma situação inferior para uma superior”. Assim a excelência deve ser entendida como um ideal que move, e não um ponto a ser atingido.
É importante entender que algumas pessoas podem ser mais exigentes consigo mesma na busca de seu ideal de vida. Há quem invista em sua busca de superação de limites nos esportes e outras nos estudos.
A tendência da criança a se tornar adulta pode ser ajudada ou dificultada pela influência dos adultos e da sociedade como um todo; também a busca da excelência pode encontrar, nas interações sociais, terreno fértil ou não. Adler aponta que crianças que receberam muito mimo sentem-se ameaçadas quando se encontram fora do círculo onde foram mimadas.
Os que recebem excesso de mimo, quando enfrentam repetidas vezes o fracasso, julgam ser má sorte, crueldade dos outros e, ainda assim, conseguem se sentir lá em cima quanto ao seu valor pessoal.
Enquanto o excesso de mimo significa apagar os limites a serem transpostos, a humilhação significa reforçar estes limites. Todas as crianças têm dons e, quando são ignorados ou massacrados pelos adultos, poderão gerar sofrimentos psíquicos durante a vida inteira. E ainda, os adultos que sofreram humilhações na sua infância tenderão a descontá-las nos mais fracos.
Em resumo, seja pelo excesso de mimo, seja pela humilhação, falhamos em estimular a criança a procurar a superação, a tentar buscar o lado de lá de seus atuais limites, a dar valor a excelência; paralisamos o movimento que leva de uma situação inferior para uma situação superior, movimento que,para Adler e outros, é natural na criança, e cuja a ausência leva a complexos e à inferioridade.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

La Taille, Yves de. Limites: três dimensões educacionais. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2002.

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