19 de jul. de 2009

O CONSUMO NA SOCIEDADE ATUAL



Sob o nome de “globalização”, reúnem-se fenômenos diversos que conjeturam novas formas de organização dos atores econômicos e políticos e de reorganização da divisão internacional de trabalho.
O desenvolvimento alcançado por intermédio da informática alavanca um processo de transformação do sistema capitalista de produção que influencia a economia mundial. Dentre alguns fatores destaca-se a transmissão e recepção de informações em tempo real, por meio da internet, criaram novas condições de investir e gerenciar o capital e a produção em diferentes pontos do planeta, pois um mesmo produto pode ser igual e simultaneamente produzido pelo mesmo fabricante em diferentes países do mundo, segundo sua conveniência e margem de lucro.
A rapidez da informação e o desenvolvimento dos transportes permitem que os componentes de um produto final sejam fabricados em diferentes pontos, dividindo-se a produção segundo os lugares onde as condições econômicas sejam mais vantajosas.
O desenvolvimento do crédito, do marketing e da indústria cultural permite comercializar e prestar serviços globalmente, de modo que a produção, realizada nos lugares escolhidos, seja distribuída para o mundo, como o caso dos produtos feitos nos países asiáticos que nos últimos anos entraram no mercado brasileiro.
O mercado financeiro, com suas bolsas de valores, funciona articuladamente: o que acontece em um país tem reflexos imediatos nos demais, fazendo com que em determinados momentos os investimentos se concentrem num país, para em seguida migrar para outro, seguindo apenas a lógica da rentabilidade imediata. Verifica-se o sempre crescente movimento de fusão de empresas, de ampliação do espectro de atuação das corporações multinacionais e a influência de instituições supranacionais de financiamento nas decisões macroeconômicas.
A desigualdade de posições nessa interdependência mundial, entre os chamados países centrais e os periféricos, determinada pela desigual produção e acesso às tecnologias agrícolas, biotecnológicas, de automação, comunicações ou robótica, assim como a desigualdade do impacto das inovações tecnológicas nas diferentes classes sociais. Configura um contexto instável, de transformações aceleradas e de transnacionalização da produção, que tem impacto direto nas relações de trabalho e de consumo. Isso ocorre de formas profundamente desiguais e diferenciadas, nacional, regional ou setorialmente, nos países centrais e nos periféricos, pois afeta as formas tradicionais de produção, modificando hábitos de consumo, com grande impacto nas culturas locais. A tercerização da produção e o trabalho autônomo realizado no domicílio fazem parte dos novos hábitos.
A rapidez das mudanças é grande e afetam trabalhadores de todas as classes sociais, porém com impactos diferenciados, o que exige esforços para construir alternativas, propor mudanças e novas formas de organização, pois as escolhas tecnológicas também comportam decisões de natureza política. A questão que se coloca é a de como fazer com que tal produtividade e capacidade tecnológica sejam usadas em benefício da qualidade de vida das populações e não para a maximização do lucro ao custo da precarização das relações de trabalho ou do desemprego.
No Brasil, junto à questão do desemprego tem-se o desafio, histórico, de modificar esse quadro perverso de distribuição profundamente desigual da riqueza, que resulta em desigualdade de oportunidades de acesso a bens e serviços, incluindo o acesso às informações e oportunidades de encontrar alternativas em outros tipos de ocupação.
Ao grande aumento de produtividade conseguido pelas novas tecnologias e organização da produção de bens e serviços corresponde a necessidade de vendê-los – produção/consumo/produção. Por isso há o forte assédio ao público no intuito de torná-lo consumidor.
Vivemos atualmente numa sociedade individualista, cujos valores estão na auto-realização, sua base é a satisfação material e, segundo esse princípio, o valor de cada um está naquilo que possui. Por isso, o conceito de “vencer na vida” relaciona-se com a aparência e ostentação de poder, que é o conceito promovido pelos meios de comunicação, tendo em vista alguma forma de consumo que propicie o giro de capital.

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