2 de mai. de 2011

A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA EDUCAÇÃO


A palavra jugar (do latim iocari) significa fazer algo com espírito de alegria e com a intenção de se divertir ou de se entreter. A palavra jogo provém etimologicamente do vocábulo latino iocus, que significa brincadeira, graça, diversão frivolidade, rapidez, passatempo. O vocábulo ludus-i: o ato de jogar, o prazer da dificuldade gratuita.
O jogo contribui ricamente para o desenvolvimento e para a aprendizagem da criança, principalmente na idade pré-escolar. Através do lúdico no processo educativo aliado ao conhecimento, propicia maior facilidade de gerar autonomia, criatividade e aprendizagem à criança.
Um panorama histórico
Antes da revolução romântica, três concepções estabeleciam as relações entre o jogo infantil e a educação:
● Recreação;
● Uso dos jogos para favorecer o ensino de conteúdos escolares;
● Diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis.
O jogo visto como recreação, desde a antiguidade greco-romana, aparece com relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar (Aristóteles, Tomás de Aquino, Sêneca, Sócrates). Por longo tempo, o jogo infantil fica limitado à recreação.
Durante a Idade Média, o jogo foi considerado “não-sério”, por sua associação ao jogo de azar, bastante divulgado na época.
O jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de história, geografia e outros, a partir do Renascentismo, o período de “compulsão lúdica”. O Renascentismo vê a brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e do estudo. Ao atender necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para aprendizagem dos conteúdos escolares.
É dentro dos quadros do Romantismo que o jogo aparece como conduta típica e espontânea da criança. O Romantismo constrói no pensamento da época um novo lugar para a criança e seu jogo, tendo como representantes filósofos e educadores como Jean-Paul Richter, Hoffmann e Fröebel, que consideram o jogo como conduta espontânea e livre instrumento da educação da pequena infância.
Ao surgir, no século XIX, a psicologia da criança recebe forte influência da biologia e se faz transposições dos estudos com animais para o campo infantil. Nesse eixo, emerge a teoria de Groos, que considera o jogo pré-exercício de instintos herdados, uma ponte entre a biologia e a psicologia.
Claparede (1956), procurando conceituar pedagogicamente a brincadeira, recorre à psicologia da criança, embebida de influências da biologia e do romantismo. Para o autor, o jogo infantil desempenha papel importante como o motor do autodesenvolvimento e, em consequência, método natural de educação e instrumento de desenvolvimento. É pela brincadeira e imitação que se dará o desenvolvimento natural como postula a psicologia e pedagogia do escolanovismo. Piaget adota, em parte o referencial escolanovista, ao dar destaque à imitação, que participa dos processos de acomodação, na forma de assimilação.
Visão Piagetiana do jogo
Piaget conceitua que os jogos e as brincadeiras fazem parte da vida da criança, definindo em três tipos de jogos ou brincadeiras:
● Os de movimento - os que envolvem ação, movimento;
● Os com regras - aqueles que envolvem jogos transmitidos de geração a geração, fazem respeitar o grupo e com ele conviver;
● Os simbólicos - nesse, o brinquedo perde seu valor real e passa a ser aquilo que a criança pensa que é.
Visão sócio-histórica de Vygotsky
Na visão sócio-histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e social.
Segundo Vygotsky, o jogo cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz.


REFERÊNCIAS
KISHIMOTO, Tizuko M.. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação; 6 ed – São Paulo: Cortez, 2002.
           
MURCIA, Jan Antonio Moreno (org), Aprendizagem através dos jogos. Porto Alegre: Artmed, 2005.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola, 3. ed. - São Paulo: Cortez, 1999. - (Coleção Questões da Nossa Época; v. 48)

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